Restauração de uma Lambretta

Uma nova aventura a ser desbravada pelos malucos começa a ser implantada, a difícil, porém saborosa tarefa de restauração de uma Lambretta.
Aos poucos, nesse mesmo espaço vou postando fotos de sua chegada, desmontagem, reparação, garimpagem de peças e dificuldades deste projeto para tornar uma sucata no xodó do blog...

PARTE 1. COMO TUDO COMEÇOU
1.1 Propagandas da época que ela nasceu.




1.2 HISTÓRIA DA LAMBRETTA:


1.2.1. Na Itália
Após a II Guerra Mundial Ferdinando Innocenti, enfrentou o árduo trabalho da reconstrução de sua fábrica situada em Lambratte (daí o nome Lambretta), Milão, que havia sido reduzida a uma pilha de escombros e fumaça durante bombardeio dos Aliados. Percebeu neste momento que as necessidades primárias de seu país eram duas, a primeira era a de começar a produção de equipamento industrial e maquinaria pesada; e a segunda prover de um método barato e seguro o transporte da população.
Ferdinando se uniu ao engenheiro Pierluigi Torre que idealizou um veículo de baixo custo de produção, barato de se manter, e com proteção melhor que uma motocicleta para as mudanças de tempo (chuva, frio, neve, etc.): a Lambretta.

A produção da Lambretta começou em 1947, depois de um ano gasto com desenvolvimento e teste do novo protótipo. A primeira Lambretta foi inspirada num veículo militar modelo "Cushman" , empregado pelo exército americano durante a II Guerra que era utilizado para transporte individual de uma divisão motorizada.
Naturalmente foi batizada de Modelo UM, que tinha como característica um motor de dois tempos com um único cilindro, e enfadonho, mas eficiente pistão de 52 a 58 mm de diâmetro. Isto dava ao novo modelo, 123 cc de potência e 4.2 bhp desenvolvidos a 4400 rpm. Operando com taxa de compressão na relação de 6:1 , o Modelo UM desenvolvia até 33 quilômetros com 1 litro de gasolina, um ponto forte de venda, em uma Itália escassa em combustível. O chassi no qual esta pequena máquina estava montada, era um tipo de painel tubular, com um plataforma, no qual o piloto colocava os pés.

1.2.2. No Brasil:

  A Lambretta foi a primeira fábrica de veículos do Brasil, saindo na frente até mesmo da indústria automobilística. A implantação da fábrica Lambretta do Brasil S.A.- Indústrias Mecânicas em 1955 , como uma licenciada da Inocentti, no bairro da Lapa em São Paulo, coincidiu com a moda mundial da motoneta ( scooter ), na década de 50. A produção entre 1958 e 1960, o apogeu da marca, superou a quantidade de 50.000 unidades por ano.

Um dos pontos fortes da Lambretta era a boa estabilidade, devido ao baixo centro de gravidade proporcionado pelo motor próximo da roda traseira. O motor 2 tempos tinha boa refrigeração mesmo em marcha lenta, proporcionada por uma ventoinha.

A partir de 1960 foi lançado o modelo Li (corresponde ao modelo "série 2 " que foi lançado pela Innocenti na Itália em outubro de 1959) que substituía o eixo cardan por corrente, câmbio de 4 marchas, pneus aro 10" ao invés de 8" além de outras modificações, inclusive na versão lambrecar.

Em 1964 a fábrica lançava uma versão com um motor mais potente, O modelo X de 175cc. Muda sua denominação para Cia. Industrial Pasco Lambretta , fazendo apenas uma mudança da razão social: Pasco é a abreviatura de Pascowitch, nome do proprietário da empresa desde sua implantação inicial.

Em 1970 Felipe Pugliese, então o maior acionista, comprou a fábrica juntamente com o empresário Oliveiro Brumana. mudando a razão social da fábrica para Brumana & Pugliesi S.A. - Indústria e Comércio de Motores e Veículos. Começou então uma tentativa de recuperação da fábrica: foram construídas novas instalações, na via Anhangüera, com 19 mil metros quadrados de área e 12 mil construídos. Foi adquirido maquinário completo para produzir uma 125cc nacional.

Em 1971, numa tentativa de melhorar o mercado, a Lambretta lançou uma moto híbrida com motoneta, a Xispa, com projeto e componentes totalmente nacionais em versão de 150cc e 175cc que ficou em linha até 1979.
Mas a indústria automobilística já tinha se implantado e o mercado das motocicletas se aquecia com a entrada das japonesas. A Lambretta quase fechou neste momento.
Em 1976 a Brumana Pugliese lança o ciclomotor Ponei, utilizando componentes da Xispa e um motor parecido com o da Garelli, ficando em linha até 1980.


O modelo Li evoluiu para a bela Cynthia lançada em 150 e 175cc, ao mesmo tempo que era lançada a MS150 que era mais estreita que a primeira e tinha as tampas laterais cortadas, pelo que recebeu o apelido de "mini saia".
Mas faltou capital e a Honda e a Yamaha lançaram primeiro suas 125 cc, e o maquinário ficou guardado em um canto da indústria, sem qualquer utilização. A Lambretta parou de produzir a motoneta (scooter) e passou por uma grande crise. Finalmente em 1979, como último suspiro, lançou a Lambretta Br Tork nas versões 125P, 125T e de 150cc, voltado para o segmento de veículos populares com preços acessíveis.

A fábrica faliu em 1982. Sua congênere na Argentina a Siambretta fechou as portas no final da década de 60. Hoje a Lambretta ainda é produzida na Índia pela "S.I.L" (Scooters India Ltd) porém somente o triciclo conhecido como "Tuk Tuk".
Fonte: http://lambrettas.com.br


lambretta 150LI II


A lambretta 150LI II foi produzido na Itália entre 1959 e 1961 com um total de 206020 unidades.
Com 148 cc, tem um binário de 57 x 58 mm e um carburador Dellorto MA 19 BS5.
Este modelo tem 4 mudanças e 6.5 cavalos de potência, indo até aos 78-80 km/h com um consumo de 42 km/l.
A lambretta 150LI II pesa 105 kg, tem um reservatório de combustível de 8.7L e usa pneus 3.50x10.


















PARTE 2 -  A ESCOLHA
As dificuldades já começaram na escolha da scooter, primeiro veio a certeza que escolheria uma legítima LAMBRETTA, (descartando outras motonetas como a Vespa).
Agora a procura ficaria mais restrita a marca, porém viriam agora as dúvidas quanto o modelo (D, LD, Li, Xispa, Cynthia etc...)
Tres pontos eram muito importante na garimpagem: Preço, documentação e acessibilidade de peças...


LD


2.1. Fabricação no Brasil:
  • 1958 à 1960 :  LD (luxo) e a D (stander), ambas com 3 marchas. 
  • 1960             :  LI (correspondente á "Série 2 ", lançado pela Innocenti na Itália em out. de 1959). O modelo apresentava significativas mudanças em relação ao modelo anterior: substituição do eixo cardan por corrente, câmbio de 4 marchas, pneus aro 10" ao invés de 8", além de outras modificações, inclusive na versão Lambrecar. Esteticamente, as alterações mais visíveis foram a mudança do farol fixo para o guidão, desenho do paralamas dianteiro e perfil mais fluido, deixando de apresentar o "degrau" entre o assento do carona e o estepe. 
  • 1964              :  X, de 175cc.
  • 1971 à 1979  : Xispa 150 e 175cc
  • 1973              : Cynthia, 150cc e 175cc. 
  • 1973              :  MS 150 , mais estreita que a Cynthia e com as tampas laterais cortadas, pelo que recebeu o apelido de "mini saia".
  • 1978               : Tork 125, ou Tork 5
X






Cynthia


Tork


2.2. Difícil decisão:
A Xispa e a Tork eram muito magrelas e com cara de moto(não era o que procurava), a X era complicado achar peças, A Cynthia muito nova...
Então, agora estava mais restrito: uma LAMBRETTA LD ou LAMBRETA Li seriam o alvo.




PARTE 3 - A CHEGADA
Pesquisa vai pesquisa vem, contatos, fóruns, clubes, classificados...
Depois de muita decepção, eis que aparece uma Li 1961, toda "estrupiada" tadinha, cheia de carência, precisando de atenção, tudo como deveria ser.
E assim começa essa história, transformar uma bola de ferrugem em algo cheio de glamour, como foi no seu nascimento...


JUNHO DE 2011




PARTE 4 - ESTUDO
Alguns exemplares são indispensáveis para o estudo, manuais, catálogos, esquemas, livros, sites e muitas fotos na internet estão servindo de fonte para o restauro. Abaixo cito algumas fontes:


A Lambretta de Francisco Landi de 1966



Catálogo de peças 2011 da Casa da Lambretta (Itália)


LINKS:
http://www.lambrettatradicionalbrasil.com.br/ACERVOTEC.htm
http://www.motosantigas.com.br/lambretta/index.htm
http://br.lambretta.com/Lambretta/tabid/66/Default.aspx
http://www.mylambretta.net/lambretta-history.asp?lang=PT
http://www.motorclassico.pt/classicos-de-2-rodas/11207-restauro-lambretta-150-li.html
http://www.scooterrestorations.com/lambretta/
http://www.sitedalambretta.com.br/
http://lambrettasc.ning.com/
http://lambrettabrasil.blogspot.com/
http://motonetabrasil.com.br/
http://www.lambrettadepoca.com/
http://lambrettas.com.br/dicas.html
http://www.aespecialist.com/501.html
http://www.motosantigas.com.br/pecas/lambretta/index.htm

PARTE 5 - DESMONTAGEM (JULHO/2011)
Agora é mão na massa, hobbie de final de semana...









PARTE 6 - DESINCRUSTAÇÃO E FUNDO
Julho/2011
Depois da desmontagem, levei o chassi e algumas peças para o jateamento de areia para tirar o excesso de tinta, graxa, ferrugem...e logicamente que um fundo para proteção.
O resultado foi fantástico, você conhece muito mais a fundo sua motoneta, cada "cicatriz", cada imperfeição...




PARTE 7 - GARIMPAGEM (AGOSTO/2011)
Sites, casas especializadas e lojas de ferro velho estão sendo o alvo a partir de agora na garimpagem de peças novas e usadas...algumas estão chegando:
excelente achado: saias em bom estado já com emblemas e travas

cabos novos: freios, embreagem, acelerador, afogador, velocímetro...

Emblemas


borrachas, guarnições e frizos

Frizos cromados
PARTE 8 - FUNILARIA E PINTURA(AGOSTO/2011)
Antes de começar o processo de pintura em si, resolvi fazer uma montagem parcial para verificar as furações, encaixes e imperfeições na lataria...


Padronizando o máximo possível os parafusos e porcas...tudo em inox

envio de peças para cromagem
A volta

Aos poucos postarei as fotos por aqui do antes e depois...
Dd