Travessia do Parque das Nascentes - 15/11/08

Por Dionei


Em nossa segunda caminhada no Parque das Nascentes, encaramos um desejo antigo: atravessar a estrada que corta a área. São 25 km em meio a floresta, 5 horas e meia de caminhada sem cruzar com carros ou outras pessoas. Uma imersão completa na melhor representação da riqueza verde que Blumenau possui.





Para situar, o Parque das Nascentes possui 57.101 hectares de área de preservação, situada dentro do Parque Nacional da Serra do Itajaí, no sul do Município de Blumenau, estado de Santa Catarina. Voltando na história, os primeiros registros de ocupação da região ocorreram por volta de 1896, com a exploração de prata nas cercanias do atual parque. Esta atividade foi abandonada, dando lugar à exploração de madeira, gerando o desenvolvimento de núcleos habitacionais e serrarias nas regiões da 2ª. e 3ª. Várzea, já dentro da atual área do parque. No início dos anos 80, uma grande empresa têxtil comprou várias propriedades dos moradores remanescentes com a preocupação em preservar os mananciais de água que abasteciam suas plantas industriais. Esta área foi repassada em fins dos anos 90 a Prefeitura de Blumenau, que, juntamente com a FURB – Universidade Regional de Blumenau, passou a administrar. Atualmente o parque esta sendo administrado pelo IPAN – Instituto Parque das Nascentes, formado por pessoas que oferecem sua contribuição voluntária, trabalhando pela preservação da natureza do lugar. Futuramente o parque será administrado pelo Governo Federal, pois pertence ao Parque Nacional. Além do atrativo para ecoturismo, a área é um grande depositário de espécies vegetais e animais da região, fonte de estudos acadêmicos. A topografia bastante acidentada e a grande cobertura verde formam importante manancial de abastecimento de água da região sul do Município de Blumenau.




Morro do Sápo, vista da estrada antes da 3a. Varzea (ainda passariamos quase no seu cume)


A caminhada começou pela Sub-Sede, na região do Faxinal do Bepe. A estrada é remanescente da época de exploração de madeira, atualmente utilizada apenas por veículos de serviço do próprio parque, 4x4, bem esclarecido. Ela sobe bastante exigindo uma meia dose a mais de fôlego. O Ribeirão Espingarda cruza 5 vezes a estrada e, por coincidência, este também é o número de vezes que ele entra dentro de nosso sapato. A meio caminho da 3ª. Várzea esta o Rancho do Mono, alojamento anteriormente utilizado por pesquisadores, mas no momento está tristemente depredado, ação de caçadores e palmiteiros que agem impunemente no local. Apesar do momento chato encontramos lá uma curiosa comunidade de fungos.


Esse fungo é fogo.

Após o Rancho do Mono passamos por uma sucessão de sobe e desce e por fim descemos um montão, até chegarmos ao Rancho da 3ª. Várzea. Ali quem entra dentro do sapato é o ribeirão Garcia, o mesmo que desemboca no centro de Blumenau, com a diferença que, no Parque, posso encher meu cantil e beber a água sem nenhuma preocupação.

Nova subida. Chegamos em uma cota de aproximadamente 700 metros acima do mar. Estamos muito próximos do cume do Morro do Sapo, um dos pontos culminantes do Parque, o qual visitamos em nossa pernada anterior.

Vista das montanhas, entre 3a. e 2a. Varzea

Por fim mais uma longa descida e o Ribeirão Garrafa dentro do sapato. Chegamos a 2ª. Várzea, sede do parque, agora a aproximadamente 200 metros acima do nível do mar.


2a. varzea

Para quem sempre sonhou em peregrinar por um caminho qualquer, vale a experiência, pois é de lavar a alma passar por uma jornada através de uma das mais fiéis representações da natureza de nossa região.



Para saber mais: http://www.parquedasnascentes.org.br/